Duas mulheres
Sexta-feira, 8 de março, quase fim de verão no hemisfério sul. Muita chuva desce do céu. Como em todo ano, por essa época, vários rios saltam dos respectivos leitos e levam tudo o que encontram pela frente. Quase nada do que eles (os rios) arrastam chega ao mar. Talvez só a água mesmo.
Entretanto, como nem só de água (ou de pão, como no provérbio) vive o homem, apesar dos inúmeros pesares (guerras, fome dengue, psicopatas e babacas etc.), ainda existe o que comemorar no planeta azul (será que essa ainda é a cor?). Caso, por exemplo, do Dia Internacional da(s) Mulher(es).
Como esse meu latifúndio literário aqui de todas as semanas, cortesia do meu afilhado Manoel Façanha Tavares Neto, é dedicado ao esporte, me ocorre enquanto escrevo o nome de duas mulheres que foram pioneiras no exercício de funções no futebol acreano: Nazaré Santos e Cláudia Malheiro.
Nazaré Santos, amazonense de Boca do Acre, que migrou para Rio Branco aos 12 anos, em 1951, foi a primeira massagista que se tem notícia de um time de futebol masculino do Brasil. Ela assumiu o posto de massagista do Atlético em 1974, convidada pela diretora Flora Diógenes.
Tudo começou em 1972, quando ela precisou se submeter a um tratamento de saúde no Rio de Janeiro. Como o tratamento não tinha o caráter intensivo, nas horas vagas Nazaré resolveu fazer um curso de massagem, com quatro habilitações: esportiva, terapêutica, estética e estética facial.
Nazaré Santos permaneceu como massagista do Galo por seis anos. E, de acordo com ela, foi uma convivência pra lá de saudável, do mais profundo respeito. “Os jogadores evitavam até falar palavrões na minha frente. Eles sempre me trataram muito bem”, disse a profissional numa antiga entrevista.
No que diz respeito a Cláudia Malheiro, uma carioca que migrou para o Acre na última década do século XX, o começo da sua carreira no futebol acreano se deu em 1999, como auxiliar de treinador no Vasco, depois de se formar em Educação Física na Universidade Federal do Acre (Ufac).
Já no primeiro ano de trabalho, nessa condição de auxiliar do professor Ulisses Torres, Cláudia se sagrou campeã estadual pelo Almirante da Fazendinha. Depois disso, ela assumiu na vaga do titular, numa competição nacional, uma vez que Ulisses precisou cumprir uma suspensão.
Cláudia Malheiro permaneceu no futebol até 2012, treinando o Andirá em duas oportunidades (2000 e 2007) e coordenando as categorias de base do Rio Branco (entre 2010 e 2012). Em 2007, inclusive, contra todos os palpites, levou o pequeno Andirá ao vice-campeonato estadual. Exclamação!