Toniquim: O Pequeno Gigante que Fez do Futebol Acreano sua Vida !
Por Nathacha Albuquerque
Sua partida inesperada trouxe novamente a vontade de escrever. Desta vez não uma matéria ou documento, apenas algumas linhas nostálgicas que constatam minha admiração e gratidão. Todos conhecem sua trajetória, sua história e importância no futebol acreano. Mas quero lembrar do Toniquim dos bastidores e suas peculiaridades. Há alguns anos atrás, com grande honra aceitei o convite de participar da revista e redes sociais da FFAC E tive o privilégio de acompanhar de perto e registrar um pouco dessa rotina. Embora eu já estivesse doente, era impossível abrir mão da oportunidade. Ouvi atentamente cada fragmento de história viva e pude constatar pessoalmente a batalha e a importância desse homem na trajetória do futebol acreano. Não seguia padrões. A quem estava começando, a quem tinha vontade de vencer, ele era mãos estendidas e olhos sempre atentos. Visionário, dava oportunidades a quem o procurasse e comprovasse um sonho, sempre que possível. Era um incentivador, sonhador, porém realista, pragmático. Mas as categorias de base tinham um lugar especial naquele grande coração. Balançavam as estruturas daquele racional dirigente. Da janela da sua sala, observava atento cada lance e ás vezes gargalhava como menino com algum frango ou gol perdido. Pequeno gigante! A estatura mal comportava a grandiosidade do profissional e inestimável ser humano. Suas palavras, ora rígidas ora tão doces, me trouxeram um aprendizado incalculável, em um curto período. Quando adoeci, foi ele quem me incentivou a continuar, mesmo quando tantas vozes e dedos apontavam que não. “Deixe de bobagem,menina! E lá importa o que pensam… se estás aqui é porque é capaz”! Falava isso e balançava os ombros como quem não entendesse porque qualquer preocupação. Tal qual jogador lesionado, tive que sair de campo ainda no primeiro tempo. Limitações físicas e mentais me retiraram dos gramados antes do final da competição. Ele, treinador nato, chateado franziu a testa e levantou as sobrancelhas, mas generoso como sempre, me estendeu a mão.
Em sua partida, a derradeira, novamente minhas limitações me impediram de estar no seu estádio, o querido Florestão, desta vez para me despedir. Mas prefiro guardar na memória o sorriso escancarado e aquele “volte logo” de sempre e levar no coração a gratidão por todo incentivo e respeito compartilhados. “A gratidão é a memória do coração”
Mais de de quarenta anos dedicados ao esporte e seu desenvolvimento, a jornada diária no prédio da federação que ele mesmo ergueu, a paixão e o brilho nos olhos a cada novo estadual que ele não disfarçava. O compromisso no esporte foi selado. A vida é uma despedida constante, porém seu legado segue vivo! Desejamos que possam dar continuidade aos seus projetos, pois de onde estiver, continuará vibrando a cada conquista. Que estejas em paz, ao lado do Pai, colocando o papo em dia com tantos outros craques acreanos que já encerraram a passagem por esses gramados daqui.
